sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Purificar






Bom mesmo é quando conseguimos externar nossas emoções no instante mesmo em que elas se instalam. Tive, há pouco, belas contemplações, agora meu coração já está amainando, mas conservo ainda algumas fagulhas que dispersarei.
Parece que hoje o sol sorriu pra mim e uma leveza diurna me arrebatou.
Sol a pino, um bêbado levou uma garrafa de água até o alto da cabeça e se refrescou no meio da praça de Itapuã. Não sei se sua intenção era se lavar, mas acredito que aquele ato, ainda que ele não tenha consciência disso, é simbolicamente um meio de purgar sua alma. Ainda que não tenha algum sentimento de culpa, remorso ou coisa parecida, a água sobe o sol inclemente é conotação de bem-estar. 
Não importa mais o que fez tal homem da sua vida para estar ali, em meio aquele grupo de outros beberrões da cidade. Importa é a alma que aquele homem carrega pra lá e pra cá, todos os dias, fustigando-a com uma vida insípida e sua, tão somente sua. 
Naquele instante, o que me veio a mente foi olhar para o céu e pedir a Deus, crendo ingenuamente ser lá sua moradia, não relegar esse tipo de gente, que, por mais erros que possam ter cometido, têm ainda a vontade esquecida de lavar sua alma.

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