sábado, 12 de fevereiro de 2011

Paradoxo



Estou convencido de que não nos somos, em sociedade, verdadeiramente, a todo tempo. Ainda que alguém teime afirmar-se como integralmente transparente, prossigo com a tese de que ninguém se mostra por inteiro. Parece constatação óbvia, porém admiti-la não parece coisa das mais naturais em nosso meio.
A personalidade humana possui recantos que são pouco visitados ou até inabitados. Há sempre um pedaço nosso que não conseguimos enxergar, logo não podemos revelá-lo ao outro.
Os momentos de auto-encontro talvez consigam uma boa proximidade daquilo que se pensa ser a transparência. No entanto, estes instantes são uma parte dos culpados pela existência inexorável da omissão que persegue nosso ser.
Ora, por que cargas d'água temos que nos descobrir totalmente para os outros? Quem nos colocou essa exigência? Não prego a falsidade, pois esta se vale da disfarçatez, enquanto concebo como inerente ao verdadeiro ser a omissão, que, por sua vez, está bem distante do ser falso. 
Por isso, encaro como imanente ao nosso espírito o fato deste não ser inteiramente revelador, visto que, para conseguir ser verdadeiro, ele necessita esconder-se em parte.

Um comentário:

  1. Independente de se mostrar ou não, o outro sempre terá uma imagem de seu ser que pode não ser a imagem verdadeira.

    ResponderExcluir